O ENSINO DE HISTÓRIA NAS SÉRIES INICIAIS
Vilson Dias
Morales
Centro
Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
História (HID
0174) – História da África
08/06/2013
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo apresentar os métodos
de abordagem do ensino de História na educação básica, sua importância para os
alunos, e também o papel do educador de História e sua contribuição para a
consciência crítica do indivíduo perante as transformações sociais.
Palavras-chave:
História; Educação Básica; Alunos.
1
- INTRODUÇÃO
O
estudo de História deve ter o professor como meio de ligação entre o
conhecimento e o aluno, derrubando desse modo o paradigma de que História é uma
ciência decorativa. Logo, faz-se necessário que novas maneiras de ser, sentir e
saber o mundo sejam estimuladas no ensino de História, visando favorecer a
formação do cidadão para que este assuma formas de participação social,
política e de atitudes críticas diante da realidade que o cerca, aprendendo a discernir
limites e possibilidades em sua atuação e transformação da realidade histórica
na qual esta inserida.
O
ensino de História nas séries iniciais do Ensino Fundamental tem passado por
uma grande transformação, isso aconteceu a partir do momento em que ela foi
desvinculada da Geografia, tornando-se uma disciplina especifica, com
características próprias. Nas últimas décadas, o ensino de História foi
consolidado em suas especificidades. Nas séries iniciais, a princípio, a
criança não entende o sentido de história em seu contexto de temporalidade,
este tema está inserido no currículo escolar e deve ser trabalhado para que
então a criança comece a construir esta noção de temporalidade.
Nesta
perspectiva o ensino de História nas Séries Iniciais, deve buscar envolver as
crianças num sentido de valorização de sua própria história, alicerçando-se
assim, para a aquisição de história local e do mundo. Conforme os Parâmetros
Curriculares Nacionais – PCNs (BRASIL, 1997), um dos objetivos mais relevantes
quanto ao ensino de História relaciona-se à questão da identidade. É de grande
importância que os estudos de História estejam constantemente pautados na
construção da noção de identidade, através do estabelecimento de relações entre
identidades individuais, sociais. O ensino de História deve permitir que os
alunos se compreendam a partir de suas próprias representações, da época em que
vivem, inseridos num grupo, e, ao mesmo tempo resgatem a diversidade e
pratiquem uma análise crítica de uma memória
que é transmitida.
2
– O ENSINO DE HISTÓRIA NAS SÉRIES INICIAIS
O
ensino de História nas Séries Iniciais e Educação Infantil devem promover a
reflexão e cabe ao professor fazer com que esta reflexão seja efetivada, ainda
que de modo tímido. O estudo de História nas Series Iniciais deve partir da própria
história de vida do aluno, avançando para o estudo da história local que deve
ser apresentada como algo vivo vibrante, capaz de despertar paixão e colaborar
para a compreensão do mundo. Ressalta-se a importância dos PCNs de História e
Geografia para o Ensino Fundamental, estes elucidam que o papel do ensino de
História está vinculado à produção da identidade e que:
A
opção de se introduzir o ensino de História desde os primeiros ciclos do ensino
fundamental explicita uma necessidade presente na sociedade brasileira e
acompanha o movimento existente em algumas propostas curriculares elaboradas
pelos estados. (...) A demanda pela História deve ser entendida como uma
questão da sociedade brasileira, ao conquistar a cidadania, assume seu direito de
lugar e voz, e busca no conhecimento de sua História o espaço de construção de
sua identidade. (BRASIL, 1997, p.4-5)
Neste
sentido, o papel do professor é preparar-se para que esta construção da
identidade seja estimulada, para que a História enquanto veículo de identidade e
de memória jamais seja tido como decorativos e desestimulantes. Para que isto
não aconteça faz-se necessário que na história ensinada, haja um consenso entre
os historiadores, pedagogos, professores e políticas educacionais, no sentido
de cuidar dos limites do uso do saber histórico factual e sua postura meramente
reprodutora. Assim, o ensino de História
nas Séries Iniciais deve ter esse caráter transformador, despertando o aluno para
a condição de sujeitos que fazem História ao longo do tempo e dos espaços. A
construção de novas formas de intervenção no ato de fazer história precisa
perceber a escola como uma instituição social plural, que se educa para a vida
e para a cidadania, e que, portanto, segundo Fonseca (2008, p. 101):
Nesse
contexto sociocultural e educacional processa-se de forma intensa o debate
acerca dos paradigmas, das relações entre os padrões e níveis de conhecimento,
das concepções de educação e da escola, o que evidencia a necessidade de
repensar as práticas pedagógicas dos professores no interior dos diferentes
espaços educativos. Isso não é novidade. Entretanto, há sim algo novo nessa discussão:
a abordagem das formas e relações entre conhecimentos e metodologias. A meu
ver, é aí que ganha força a idéia da inter e da transdisciplinaridade.
Corroborando
com o fragmento acima, Kochhann (2007, p.70) destaca que a interdisciplinaridade
na sala de aula:
[...]
“é a possibilidade de elaboração de idéias harmonicamente equilibradas com as
diversas áreas do conhecimento num processo de pensamento dialético alicerçada
na alteridade.”.
.
Nesta
perspectiva, o ensino de História nas Séries Iniciais deve promover a reflexão
do aluno além de motivá-los a conhecer a história do mundo e do povo do qual
fazem arte. Cabe ao professor promover situações para que o aluno critique e compreenda
o estudo da disciplina como fator necessário para sua formação enquanto
individuo.
É
preciso fomentar a interdisciplinaridade a fim de dimensionar o ensino e aprendizagem
de História bem como a construção do saber. Este saber específico se faz
necessário para que se entenda a relação entre diferentes tempos, significando
então reconhecer o valor do passado para o presente e o futuro. Desse modo,
Terra e Freitas (2004, p7) assinalam que os professores de História:
Provocam
reflexões sobre como o presente mantém relações com outros tempos, inserindo-se
em uma extensão temporal, que inclui o passado, o presente e o futuro; ajudam
analisar os limites e as possibilidades das ações de pessoas, grupos e classes no
sentindo de transformar realidades ou consolidá-las; colabora para expor relações
entre acontecimentos que ocorrem em diferentes tempos e localidades; auxilia a
entender o que há de comum ou de diferente no ponto de vista, nas culturas, nas
formas de ver o mundo e nos interesses de grupos, classes ou envolvimento
político; enfim, são questões mais comprometidas em formar pessoas para
analisar, enfrentar e agir no mundo.
Nesta
ótica, o ensino de História nas Séries Iniciais torna-se relevante, já que as relações
entre tempo e espaço também dependem da ação do homem em seu meio. Fazendo com
que a História seja percebida na construção das identidades sociais.
3
– O PAPEL DO PROFESSOR NO ENSINO DE HISTÓRIA
O
ensino e a aprendizagem de História no Ensino Fundamental se alicerçam no
trabalho do professor, que deve ter o intuito de introduzir o aluno na leitura
das diversas formas de informação, com a visão histórica dos fatos e dos
agentes. Nesta perspectiva, o professor tem um papel fundamental na construção do
saber histórico já que “a história tem como papel central a formação da consciência
histórica dos homens, possibilitando a construção de identidades, a elucidação
do vivido, a intervenção social e praxes individual e coletiva.”(FONSECA, 2005,
p, 89). A finalidade principal da escola é a educação integral do indivíduo,
reconhecendo a importância de contemplar o ser humano como um todo,
estabelecendo uma conexão do indivíduo com o meio, entendido como ambiente
próximo ou distante que influi na aprendizagem do estudante
A
educação é um processo de aprendizagem contínuo e permanente, necessário ao
indivíduo, favorece as relações sociais e também, é o meio pelo qual a
sociedade se renova, constituindo-se ainda num processo de transmissão
cultural. Com um papel importante na construção e formação do caráter do
indivíduo, a educação tem uma função bem maior.
Assim,
o papel fundamental do professor e da educação no desenvolvimento das pessoas e
das sociedades amplia-se ainda mais no despertar do novo milênio e aponta para
a necessidade de se construir uma escola voltada para a formação de cidadãos,
conforme os PCNs (BRASIL, 1997).
A
escola e o professor têm como princípio básico a formação dos cidadãos nas suas
concepções mais amplas e democráticas. Nesse contexto, se faz necessário a
construção de uma prática pedagógica que privilegie as diferenças existentes no
próprio ambiente de sala de aula. Assim, segundo Caniato, (1997. p, 65):
A
escola deve e pode ser o lugar onde, de maneira mais sistemática e orientada, aprendemos
a Ler o Mundo e a interagir com ele. Ler o mundo significa aqui poder entender
e interpretar o funcionamento da Natureza e as interações dos homens com ela e
dos homens entre si. Na escola podemos exercitar, aferir e refletir sobre a
Ação que praticamos e que é feita sobre nós. Isso não significa que só na escola
se faça isso. Ela deve ser o lugar em que praticamos a Leitura do Mundo e a
Interação com ele de maneira orientada, crítica e sistemática.
Neste
sentido, o professor de História ocupa posição central na análise dessa
conjuntura e na possibilidade de construir situações concretas de superação
através da prática pedagógica por ele desenvolvida no interior do espaço
escolar. Nesta perspectiva, Fonseca, (2003, p. 89) alerta que é preciso pensar
a disciplina de história como “fundamentalmente educativa, formativa, emancipadora
e libertadora.”
(...) o
professor de história, com sua maneira própria de ser, pensar, agir e ensinar,
transforma seu conjunto de complexos saberes em conhecimentos efetivamente
ensináveis, faz com que o aluno não apenas compreenda, mas assimile, incorpore
e reflita sobre esses ensinamentos de variadas formas. É uma reinvenção
permanente (FONSECA, 2003, p. 71).
Assim,
a aula de história possibilita a construção do saber histórico através da
relação interativa entre educador e educando, transformando essa prática em ato
político, no sentido de transformação consciente do fazer histórico. Nesse
contexto, salienta-se a importância do professor ser também um pesquisador e produtor
do conhecimento e não apenas um mero executor de saberes já produzidos. Corroborando com o parágrafo acima, considero
as palavras de Freire (1996, p. 29) que destaca que:
Não há pesquisa
sem ensino (...) Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me
indago. Pesquiso para contratar, contratando, intervenho, intervindo educo e me
educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a
novidade.
Assim,
salienta-se a importância do professor ser também um pesquisador e produtor do
conhecimento e não apenas um mero executor de saberes já produzidos. Assim, o
papel do professor, torna-se relevante no sentido de possibilitar a
transformação de um saber histórico em um saber compreensível e atuante para a
compreensão do aluno. É papel social do
professor de História do Ensino Fundamental munir os alunos de instrumentos
para libertação. "O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um
imperativo ético não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros."
(Freire, 1996, p. 59). Nesta linha de pensamento freiriana o ensino de História
torna-se fundamental para a compreensão dos acontecimentos históricos do
passado.
Nesta
perspectiva, o professor de História tem o compromisso de construir uma
educação pautada no paradigma holístico, com olhar crítico e sensível para
processo de construção da História. Desse modo, o papel do professor de
História nas séries iniciais deve acontecer na direção do diálogo em conjunto
com os alunos e a comunidade escolar, constituindo-se desta forma em um
processo educativo fundamentalmente democrático, construído em conjunto,
balizado pelo desenvolvimento de capacidades de percepção, crítica e
autoconhecimento com sujeitos de um tempo e lugar.
4 – O ESTUDO E ENSINO DE HISTÓRIA
ENQUANTO ELEMENTO DE FORMAÇÃO DO CIDADÃO.
É
importante considerar a contribuição da história no processo de construção do
ser humano. Compreender esse processo é fazer com que o homem escreva sua
história, produza cultura e se perceba enquanto sujeito histórico. O ensino de
História possui papel relevante, na construção da cidadania e na emancipação
social e política dos sujeitos. Dessa maneira, o conhecimento histórico
considera diferentes povos e culturas em diferentes espaços e temporalidades na
singularidade de suas manifestações.
Neste
sentido o ensino de História estabelece um diálogo com a construção da
cidadania implicando no reconhecimento do indivíduo enquanto ser histórico e
com elementos que permitem compreender melhor a realidade em que estamos
inseridos e a sociedade em que vivemos.
Igualmente,
é necessário que os alunos identifiquem no processo de ensino e aprendizagem de
História oportunidades para o desenvolvimento de uma atitude crítica com
relação à sociedade, intervindo de forma consciente enquanto seres que fazem
história e pertencem a uma época e espaços próprios. O sujeito constrói seu
conhecimento do mundo e o conhecimento de si mesmo como sujeito Histórico.
O
conhecimento é um conhecimento dentre outras formas de conhecimento da
realidade, que está sempre se constituindo, nunca está pronto ou acabado.
Assim, Borges (1987 p. 47-48) elucida que:
(...) a história
procura especificamente ver as transformações pelas quais passaram as
sociedades humanas. A transformação é a essência da história. Quem olha para
trás, na história de sua própria vida, poderá compreender isso facilmente. Nós mudamos
constantemente; isso é válido para o indivíduo e também é válido para a
sociedade. Nada permanece igual e é através do tempo que se percebem a mudança.
Desse
modo, o mais importante é lembrar que a tarefa urgente é refletir, juntamente
com nossos alunos, que todos somos sujeitos e podemos ser agentes do processo
histórico de mudanças e, ou permanências e podemos contribuir na construção da
realidade. A escola deve educar para a vida desde bem cedo. O professor tem o
direito e o dever de exigir que isso aconteça e deve aprender a se enxergar
como elemento crucial para a formação do indivíduo que enxerga a sociedade como
um espaço de realizações.
5
– CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se
que o ensino de história é importante porque nos fornece as bases para
compreendermos o nosso futuro, permite-nos o conhecimento de como aqueles que
viveram antes de nós equacionaram as grandes questões humanas.
A
Educação é proporcionadora da emancipação dos alunos, promovendo a autonomia e
a consciência crítica de todos envolvidos. E por esse motivo a educação deve
ser propagada para todos os indivíduos, independente da sua nacionalidade, cor,
religião ou classe social. O papel da escola e do professor de História nas
Séries Iniciais é instigar no aluno a formação de uma consciência crítica e
cidadã, agindo como uma mola propulsora para a formação de cada aluno
6 – REFERENCIAS
FONSECA,
Selva Guimarães. Caminhos da história ensinada. Campinas: Papirus, 1993.
KOCHHANN,
Andréa. Por uma pedagogia psicanalítica: as vicissitudes na formação de
professores. Dissertação de mestrado em Educação com área de concentração em
Psicanálise. Goiânia: 2007. 228 p.
TERRA,
Antonia e FREITAS, Denise. Referencial Curricular de História da Fundação
Bradesco. Págs. 2-12. São Paulo. Dez/2004.
FREIRE,
Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São
Paulo. 1996. Paz e Terra
CANIATO,
Rodolpho. Com Ciência na Educação. 3ª reimpressão. Campinas: São Paulo.
Papirus, 1997.
BORGES, Vavi P. O que é
história. S. Paulo, Brasiliense, 1987.
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